quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

LAVA JATO: Presos têm Natal com show

Os presos da operação Lava Jato tiveram um fim de ano com direito a show de dupla sertaneja e carteado no Paraná. No Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde estão o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os festejos foram antecipados para o dia 14. Nessa data, os presos puderam acompanhar a apresentação da dupla curitibana Bruno Cesar e Leandro. No cardápio da festa, foram servidos quitutes como esfirra de carne, cuca de goiabada e refrigerante.
Já os investigados da Lava Jato que estão na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba – como o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine –, comeram o que foi mandado pelas famílias em vez das quentinhas da cadeia. A diversão para passar o tempo ficou por conta do baralho.
No CMP, os detentos ficaram chateados porque não puderam sair das celas para ver de perto os cantores, que tocaram alguns sucessos como o hit “Boate Azul”. Segundo a advogada Isabel Mendes, do Conselho da Comunidade de Curitiba – órgão vinculado ao sistema penitenciário e responsável por organizar a festa de fim de ano –, a direção do CMP alegou questões de segurança para não autorizar a saída dos presos das celas.
Na ala 6, onde estão os presos da Lava Jato, Isabel conseguiu ver, separada pelas grades, o choro do operador João Augusto Henriques, que se emocionou no momento em que foram feitas as orações. Henriques foi condenado pelo juiz Sergio Moro a seis anos e oito meses de prisão por corrupção no caso do afretamento de um navio sonda pela Petrobras. “Ficamos numa sala antes do corredor da galeria, separados por uma grade. Dava pra ver o rosto de alguns presos da Lava Jato, mas bem de longe. A sorte é que tínhamos um sistema de som potente, e eles puderam ouvir as músicas. O João Henriques estava emocionado e pediu que nós reivindicássemos melhorias nas condições do presídio”, afirmou Isabel Mendes.
Ela disse que vai fazer uma reclamação sobre a não liberação dos presos para os festejos num relatório que entregará ao Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) no mês que vem. Ainda de acordo com a advogada, o CMP foi o único presídio do sistema que não permitiu a saída dos presos das celas para as comemorações de fim de ano organizadas pela entidade.
Isabel Mendes também esteve no CMP no dia 22 de dezembro, quando as famílias dos presos fizeram a visita praticamente na véspera de Natal. Segundo a presidente do conselho, os familiares dos presos estavam muito abalados.
Uma irmã do ex-deputado Luiz Argolo e a mulher de Eduardo Cunha, Cláudia Cruz, estavam entre as mais emocionadas. Foi o segundo Natal de Cunha na cadeia. “Foi um dia muito triste. As mulheres choravam muito. É um momento muito difícil para os presos. Ainda mais para esses que eram políticos, que tinham um bom padrão de vida” contou Isabel Mendes.
Fonte: O Tempo

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