Acontece hoje, em Porto Alegre, o julgamento do recurso do ex-presidente Lula contra sua condenação em primeira instância naquele que ficou conhecido como o caso do triplex do Guarujá.
Um grande esquema de segurança foi montado pelas autoridades, em reação à manifestação dos petistas de que tomariam a cidade.
O aparato é exagerado, conferindo dimensões extraordinárias a um ato judicial corriqueiro e exclusivamente técnico. Atende, portanto, o interesse dos que querem torná-lo político.
Não deixa de ser. O julgamento representa uma das etapas de um processo que vem se desenrolando no país desde que estourou a bolha na qual negociavam todos os políticos corruptos.
Essa bolha sempre existiu. Mas ela estourou, uma primeira vez, durante o governo Lula, com o mensalão. E uma segunda vez, durante o governo Dilma Rousseff, com o petrolão.
Sendo democrático, o regime não teve condições de interromper os processos de investigação dos crimes de corrupção. Fosse outro o cenário, seriam sufocados pelos governantes.
A classe política foi duramente atingida pelos dois processos. Poucos se salvaram. Sucedeu a perda de confiança da população em seus representantes legitimamente eleitos.
O atual desprestígio dos políticos, personificado hoje no presidente Michel Temer, vai se refletir nas próximas eleições, quando poderão emergir alguns líderes populistas antidemocráticos.
O fenômeno vem acontecendo em todo o mundo, mas no Brasil foi catapultado pelos escândalos de corrupção, do qual os próprios petistas foram alguns dos principais personagens.
Esses escândalos alimentaram um populismo de direita, que está sendo contrabalançado por um populismo de esquerda. A polarização da sociedade foi a consequência.
Qualquer fato que ocorra será explorado politicamente por militantes ou inimigos do ex-presidente. O julgamento do petista hoje em Porto Alegre está dentro desse contexto. Seja qual for a decisão do tribunal do Rio Grande do Sul, as repercussões serão imprevisíveis.
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